22 agosto 2007

A estátua



Statua di Drummond nella spiaggia
di Copacabana, Rio de Janeiro

No mar estava escrita uma cidade.
Carlos Drummond de Andrade

A estátua

Augusto Sérgio Bastos

Ser estátua
não é pedido que se faça.
E ele nem pediu.
No banco de pedra, de costas pro mar,
pensa a cidade.
Acolhe pombos e aves agourentas.
No meio-dia branco de luz,
o menino permanece sozinho.
O homem atrás dos óculos
quer a sombra de amendoeiras.
Tem oitenta por cento de ferro na alma.
Cem por cento de bronze na eternidade.
Alguns anos viveu no Rio de Janeiro,
serviu à cidade
que agora de nada lhe serve.
Ao povo sem memória,
a história mais bonita,
comprida história que não acaba mais.

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